Transhumante parte 3 / Diário de um Louco

Transhumante Parte 3 (Diário de um Louco)


Os primeiros orvalhos do Outono já se faziam sentir nas planícies madrugadas de Espanha e vestiam-se de ruivo nas espigas e nas vistas da janela  do comboio/Hotel Lusitânia. O Transhumante despertava de uma noite mal dormida em solavancos e guinadas para mais uma etapa nos Pirenéus, depois de chegar a Madrid ainda teria de percorrer outras estações e outros comboios mais modernos e rápidos que o levariam até onde tinha terminado no ano anterior, em Ainsa, S. Joan de Plan/Biadós.
Um táxi colectivo despejou-o já noite, no fim da estrada de alcatrão que tão bem conhecera no ano anterior (2010), sabia a distancia que iria percorrer a pé até ao refúgio, (cerca de vinte quilómetros) mas não se estaria aberto, dada a proximidade do outono e, para aumentar a incerteza não tinha jantado ainda, nem comida para a viagem  e para se lançar nos caminhos costa a costa do GR 11.




Ainda ponderava na lucidez do seu estado mental , que o levava a fazer este disparate de atravessar os Pirenéus do Atlântico ao Mediterrâneo quando as luzes de um veículo-tod’o-terreno iluminam a estrada, - iam na mesma direcção e tinham uma valiosa informação – O refúgio estava aberto -  tinha transporte e também onde “senar”  jantar e dormir nessa noite, começara bem esta aventura de loucos.
Acordou “com as galinhas”, mal se avistavam os caminhos ténues da montanha , felizmente o bom tempo presenteava ainda um doce fim de Setembro que mais parecia primavera e nas pernas do Trashumante, as primeiras horas decorreram gloriosas, corria como um louco, esquecera tudo quanto deixara para trás, respirava o silencio do nada numa terra inundada de loucura.
Recordava as manhãs longínquas de quando iniciou dois anos antes em Irun esta rota e lhe parecia estar tão distante o final, no Mediterrâneo em Cap de Creus, mas afinal já tinha feito metade, estava agora percorrendo a parte média ou central, mas também a zona mais alta da cordilheira Pirenaica, onde as tempestades poderiam ser mais perigosas e as etapas mais dolorosas com desníveis consideráveis(entre os 900 e os 2.700 metros).
Conhecia grande parte destes lagos de montanha e parques naturais paradisíacos, melhor que o resto da cordilheira, mas durante todos os anos que deambulou por aqui, nunca imaginara que pudesse passar um dia correndo de Norte a Sul ainda menos como lobo ou urso solitário, quase sem roupa para mudar, sem comida para as jornadas nem apoio logístico ou mesmo transporte próprio para fazer, depois de terminadas as jornadas, os 1.100 km que separavam a montanha, do conforto da casa e da família, da normalidade.
Era uma rematada loucura estar correndo os 800 km da rota Pirenaica não sendo um habitante local, habituado e melhor conhecedor da região, para estes bastavam oito dias, como lhe disseram ser o “record” da travessia, mesmo assim estava determinado a usar apenas 12 /13 dias, talvez poucos o conseguissem.
Na porta do refúgio de Estós, num papel escrito a pressa, dizia que o guarda voltaria próximo do meio-dia e meia hora, tentaria almoçar mais tarde, apesar do estômago já o avisar, esperava não perder o trilho ou perderia também as refeições dos dias seguintes.
Quando descia o interminável valle de Estos interrogou uma família de camponeses locais que se encontravam colhendo “setas” (cogumelos), perguntou se estaria na direcção certa para Andorra e mais uma vez ficou desassossegado perante a resposta, segundo eles estaria completamente fora de rota e era uma loucura, segundo eles, aventurar-se assim, em distancias tão absurdas e sem saber onde estava, nem por onde ir, diziam eles que Gr 11 eram todos os GR’S, pois todos tinham o mesmo nome GR 11.1,GR 11.2 etc.
Revelou-se mais uma vez ser desnecessário pedir informações a quem não entendesse as razões de outros para quebrar as próprias peias mentais.
A meio da tarde um oportuno “camping” ainda aberto nesta época, junto da estrada principal que conduz a França pelo túnel de Bielsa, proporciona-lhe a tão desejada refeição com cerveja para pacificar a sede, já se faziam notar no céu as nuvens negras da trovoada que aí vinha.
Um estradão largo e monótono condu-lo durante toda a tarde a uma portela que tardava em chegar até que, pelas 17 horas encontra duas jovens moças, Ivone e Elena a porta de um refúgio não guardado, acompanham-no e ajudam-se mutuamente a superar o medo da tempestade e dos sonhos em que um urso dourado, o devora devagar até de madrugada.
Tal como noutra etapa em que Miguel, o S. Miguel “da porta do convento”, foi um considerável apoio depois de um pé torcido, aqui Ivone e Elena, tiveram também um efeito reconfortante perante uma noite feita dia com os “flashes” de tantos e tantos relâmpagos apenas com um mero segundo entre a luz e o som, nos intervalos via aparecer perfilados “hobbits“ ,”brujas” e outras personagens surreais.



O dia seguinte ainda seria mais alucinante que a noite, o ar estava límpido como sempre fica na bonança depois da alguma tempestade e a correria pelo monte abaixo embriagava-o, o vento fustigava-o no rosto transpirado e continuava a correr indiferentes as dores nos joelhos, as bolhas nos pés, ao cansaço de todos os músculos, alguns até que nem ele sonhava existirem.
A meteorologia adiantava neve para os próximos dias em cotas acima de 2.500 metros e ele tinha de ser rápido pois apenas teria o dia seguinte para chegar o mais próximo possível de Andorra.
Tentou alcançar o refúgio de Colomers, já seu conhecido mas em vão, ao chegar a “Restanca”, de novo os guardas do refúgio o tentam convencer do perigo grande que é continuar, de noite e sob a tão terrível tempestade regressada novamente durante a tarde e num caminho mal balizado nessa zona. Ele convence-se a deixa-se ficar perante uma promessa de jantar, cama seca e do primeiro banho em muitos dias.
Mais uma vez acorda com pesadelos, noite cerrada, para tentar fazer render o último dia antes do nevão,antes das pistas de montanha ficarem tapadas pela neve. Surpreende-se da forma física que tem aumentado desde que chegou e da vontade anímica de correr por entre os caminhos tortos dentro do parque de Saint-Maurici/Encantats.



Chega a Espot ainda cedo, resolvido a não continuar mais além, o céu prometia neve mas sentia a sensação “Dolce” de dever cumprido. Andorra era já ali ao virar, no total das 3 etapas tinha percorrido 2/3 dos 800 km que separavam o Atlântico do Mediterrâneo pelo trilho do Gr 11, recomeçaria no próximo ano por Esterri D’Aneu, agora já por Barcelona/Manresa, mas de avião, a viagem de 24 horas comboio/autocarro para superar os 1.100 km entre casa e o objectivo era mais cansativa que a travessia da montanha grande.
Tinha um sonho por realizar entretanto, pedalar 13.000 km de Xi’na a Istambul por entre etapas e alucinações, desertos e visões de outros mundos mais ou menos paralelos. para ele...




Jorge Santos (09/2011)


A Rota da Seda em bicicleta


A ROTA DA SEDA

“Ficariam para trás as Montanhas de Sal, as regiões dos Fogos Mágicos, os Vales das Árvores cantantes e os Desertos dos muitos Perigos onde nenhum rio cantava. 
A caverna do Velho da Montanha, que enfeitiçava os jovens cavaleiros e os transformava em assassinos para cumprirem as suas ordens. 
Atravessaram a Cidade das Belas Feiticeiras, onde muitos viajantes se deixavam ficar, até serem despojados das suas ambições e de suas vidas. 
Deixariam para trás a cidade de Tangut, e depois de léguas e léguas de pestilência, desolação e morte finalmente chegariam ao Grande Deserto e às dunas onde se ouvia o riso das caveiras - (toda uma caravana ali mesmo sucumbira ao calor do deserto.) E foi onde Marco Pólo, exausto, se deitou para morrer….





”Desde a antiguidade, passando pela Idade Média até o século XV, quando o navegador Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para as Índias, a única comunicação ininterrupta da China com a Ásia Central e com o Ocidente era feita através da Rota da Seda, um caminho com cerca de 13 mil quilómetros que começou a ser trilhado em data imprecisa, mas que no final do período Han (206 a.C. a 220 d.C.) já ia da China até a península itálica.

  
Tudo começou por volta dos anos 134-140 a.C., quando a florescente economia chinesa já não cabia mais entre os limites das muralhas e o vale do rio Yang-tse ou rio Amarelo. Quando o imperador Wou-Ti (Filho do Céu) enviou Tchang-Kien com a missão de firmar uma aliança com o grande país dos Yue-Tche contra os terríveis Hunos, abrindo assim um caminho a oeste para que os chineses pudessem avançar. Tchang-Kien partiu e só retornou 13 anos mais tarde. Neste período, foi preso e torturado. Conseguiu fugir 10 anos depois e voltou para a Corte sem cumprir sua missão oficial.  
O imperador não conquistara a aliança desejada, mas soube utilizar as informações fornecidas pelo seu emissário, entre elas as lendas dos cavalos celestiais e lugares que a China nunca sonhara existir: Ngan-si (na Pérsia), e a alguns milhares de quilómetros a oeste da Pérsia, Li-Kien (em Roma). Dos relatos da viagem de Tchang-Kien, a China muito ainda se utilizaria, mesmo depois da sua morte. Por ele viria nascer uma das mais célebres rotas de comércio de que o mundo se valeria e por ai percorreria o segredo mais bem guardado que o homem conheceria: A SEDA




Era necessária muita paciência e destemor para realizar perigosas viagens que duravam anos, enfrentando montanhas, estepes, desertos e planícies desoladas. Em compensação o viajante também vislumbrava paisagens belíssimas e panoramas magníficos. Partindo da região central da China, uma cadeia de intermediários levava, além da preciosa seda – (um monopólio chinês até o século III da Era Cristã) - pinturas, papel, peças de laca, escultura, ameixas, pêssegos e as tão faladas especiarias. Na viagem de volta os mercadores traziam vidros, cristais, pentes de tartaruga, frutas como uva e romãs, pepinos, azeitonas, e animais e aves tipo camelos e pavões. Nas épocas de festejos as caravanas também traziam artistas de circo, dançarinos e músicos para as cidades imperiais. Também pela rota existia o encontro de ideias, valores e crenças e o maior exemplo é o Budismo que, graças aos caminhos da rota, teve extraordinário impulso.




As viagens com destino a Veneza e Roma, principais cidades consumidoras da seda e outros produtos chineses, invariavelmente começavam na cidade de Xi'an, capital da província de Shaanxi, que na antiguidade era conhecida por Tch'ang Han (cidade da paz eterna). É onde se localiza a tumba do imperador Shi Huang Ti, o responsável pela unificação dos impérios. A tumba é ainda guardada pelo famoso Exército de Terracota com figuras em tamanho natural. As caravanas saíam da China Central e atravessavam territórios da extinta União Soviética, Índia, Afeganistão, Paquistão, Iraque, Irão, Síria, Turquia e Egipto.


Partindo de Xi'an, os mercadores seguiam na direcção ocidental, cortando a província de Gansu e depois mudando o rumo para noroeste, através de Lanzhou, atravessando o Rio Amarelo e parando em Xiahe, uma cidade mosteiro.

 Depois seguiam por Wuwei, Zangye, Jiuquan (Jiayuguan), onde se localiza a fortaleza do mesmo nome, no extremo mais ocidental da Grande Muralha.

 Esta impressionante fortificação desempenhou um papel importante na rota das caravanas,





garantindo segurança e o escoamento das mercadorias, pois além dela ficava a "terra dos nómadas", a falta de civilização e o inóspito deserto. Depois os viajantes continuavam pelo passo de Hexi até chegar a Dunhuang e em seguida na região autônoma de Xinjian Uygur. Próximo a Dunhuang localiza-se 




Turpan, um dos mais importantes lugares de parada e abastecimento da rota. Fica no meio de um dos desertos mais quentes e fundos da China (155m), a segunda maior depressão da terra. Mas ali também tem um oásis, cujo segredo eram os canais subterrâneos escavados a mão, através dos quais transportavam(e ainda hoje,) as águas das montanhas celestiais. Próximo ficam as Montanhas Flamejantes.


A partir de Dunhuang a Rota da Seda podia ser feita por três caminhos diferentes.
-
O mais antigo, chamado rota norte, começava ao sul de Turpan e atravessava as montanhas de Tian Shan até chegar na planície banhada pelo Rio Tarim, onde as caravanas paravam para descansar num oásis. Depois seguiam pelo planalto de Pamir, cortando Korla, Yanga, Aksu e Kashi. Neste local ficava localizado o principal entreposto comercial da Ásia.


O segundo caminho, chamado de rota sul, saia de Dunhuang pelo desfiladeiro de Yanguan, tomando a direção sul, rodeando a montanha de Kunlum e atravessando o deserto de Taklimakan, chegando também a Kashi.


A terceira rota e também a última a ser aberta saia de Dunhuang em direção noroeste, passando pela província de Hami, cortando as montanhas Tian Shan e depois seguindo para Oeste, através de Urumqi e Yning, atravessando o Rio Chuhe depois a linha de fronteira para entrar nas terras da antiga União Soviética.


Marco Pólo (1254-1324), que há 732 anos utilizou o sentido inverso da rota da seda para entrar na China, descreveu a aventura no seu famoso livro de viagens. Foi uma jornada de mais de seis anos através das florestas da Europa e sobre montanhas da Ásia. Lugares que nenhum homem branco havia visitado antes. Na viagem, deixaram atrás o pico do monte Ararat onde Noé ancorara a arca (segundo a Bíblia) e as ruínas da Torre de Babel,
 onde os pensamentos dos homens tinham sido confundidos por causa de suas demasiadas línguas, as cavernas dos dragões, os covis das feras, as habitações soterradas dos selvagens, chegaram ao Planalto de Pamir, chamado "o tecto do mundo", e de lá avistariam muitas outras montanhas e planícies que ainda teriam de atravessar antes de chegar às terras do Grande Khan. Ficavam para trás as Montanhas de Sal e das regiões dos Fogos Mágicos , dos Vales das Árvores cantantes e dos Desertos dos Perigos, (onde nenhum rio cantava,) da caverna do Velho da Montanha, que enfeitiçava os jovens cavaleiros e os transformava em assassinos
 para cumprirem suas ordens, atravessaram a Cidade das Belas Feiticeiras, onde muitos viajantes se deixavam ficar, até serem despojados de suas ambições e de suas vidas, deixariam para trás a cidade de Tangut
, e depois de léguas e léguas de pestilência, desolação e morte finalmente chegariam ao Grande Deserto e às dunas onde se ouvia o riso das caveiras – (fora aí que toda uma caravana  sucumbira ao calor do deserto) E foi ali que Marco Pólo, exausto, se deitou para morrer.


Mas Marco Pólo não morreu, foi salvo por Kublai-Khan, 
o neto de Gengis-Khan, o grande conquistador que dominou a China, criando um vasto império que se estendia do Oceano Pacífico ao Rio Dnieper, na Rússia. Sob o seu domínio o país conheceu a mais completa tolerância religiosa. Quando conquistou o povo chinês, Gengis-Khan foi por sua vez conquistado pela cultura dos vencidos. Kublai-Khan devia muito mais às tradições culturais da China do que aos costumes dos seus bárbaros antepassados. Ele levou o mortalmente enfermo Marco Pólo para seu palácio e ele foi tratado pela sua filha, a bela Flor de Ouro.  


Muitas histórias e lendas foram criadas em torno da rota da seda, tantas que seria preciso mais de um livro para contá-las. Com a descoberta das rotas marítimas, o comércio da seda e das especiarias passou a ser feito pelas caravelas e outros navios. Os caminhos da rota da seda foram sendo esquecidos através dos anos, até o completo abandono da maior via comercial da Ásia. 
Hoje a China está revitalizando a rota da seda e restaurando diversas cidades e monumentos do caminho, visando também incentivar o turismo, o governo chinês autorizou os viajantes a atravessá-la rumo ao ocidente como Jo ,(o Transhumante) tencionava fazer.





A ROTA DA SEDA


A ideia em seguir de bicicleta a rota mercantil primordial da humanidade, tinha-se adaptado à imaginação, durante anos como uma lapa ou um crustáceo nas rochas, mas foi depois de ter conhecido Pepe Moliner, o peregrino de Santiago, que Jo  (o Transhumante) pensou ser chegado o momento de partir.
Cercou-se de mapas que abrangiam a Ásia desde Xangai até Istambul, mas apesar de ir tomando forma esta odisseia, ainda lhe parecia longínqua e a ideia  bastante singular,  a de pedalar dezenas de milhares de quilómetros, uma loucura, mesmo que fosse por períodos anuais com a duração de um mês no máximo em cada ano, pensava iniciar em 2012 ou 2013, num mês em que as viagens para Xangai e Xi’an fossem mais baratas e a meteorologia propícia à travessia da China.
Observou num antigo atlas os caminho que acabavam nos povoados da Rota da Seda, Lanzhou, Xining, Hotan e Samarkand pelo deserto do Taklamakan mas ainda estava indeciso por outras rotas. 


De um lado sobre o Planalto Himalaico, ou de um outro, perto da fronteira da Mongólia com o comboio sempre em rota paralela mas ambas podendo confluir em Kashi na fronteira do kyrziguistão.
Nunca considerou importante a cuidadosa planificação de viagens e não seria esta a primeira vez, embora as distancias e o desconhecimento da região o obrigassem a cuidados de segurança redobrados que haveria de assumir caso a caso, dependendo dos países que iria percorrer, 


esperava que, na China não tivesse problemas de maior assim como nas antigas repúblicas da Rússia, de qualquer forma atravessaria o Irão sempre perto do Mar Cáspio em direcção à Turquia, conhecera Arménios e Iranianos em Paris que lhe pareceram bastante hospitaleiros e esta era a oportunidade para testar essa suspeita.
Talvez fosse a sua última grande e derradeira aventura (sentia-o intrinsecamente), queria ser lembrado pelos filhos por essa mesma façanha, A rota da Seda em bicicleta era a ultima oportunidade de pedalar antes de envelhecer ainda mais e perder a coragem, a força nas pernas e a vontade de se aventurar.
Iria conhecer a Turquia já no mês de Julho deste ano de 2011 onde seria a conclusão do trajecto pela Ásia num ano vindouro, quem sabe, 2013/15, dividiria os 15.000 quilómetros em etapas anuais de 5.000 quilómetros cada, tentando terminar esta ambiciosa travessia na rota mais antiga da Terra pelos trilhos de Marco Polo.

Jorge Santos  (06/2011)
http://namastibetpoems.blogspot.com







História da Rota da Seda 

- Xi'An-

A planície de inundação do rio Wei , no local da moderna Xi'an, é tradicionalmente considerada um dos berços da civilização chinesa. Foi aqui que o povo neolítico referido como a “cultura Yangshao” surgiu para formar uma das primeiras sociedades no alvorecer da história chinesa. Entre 5000 – 3000 aC, a influência da cultura Yangshao espalhou-se por todo o Shaanxi moderno, Shanxi e Xi'an. Os Yangshao são mais famoso por sua cerâmica pintada requintado retratando uma variedade de rostos humanos, animais e desenhos geométricos. Evidências arqueológicas recentes também revelam que o povo Yangshao pode ter participado na génese da Rota da Seda, estando entre os primeiros povos do mundo a sericicultura prática, o aumento do bicho da seda para produzir seda crua. Hoje, os visitantes podem percorrer o sitio arqueológico  de Yangshao na aldeia de Banpo ao sul de Xi'an.

No século 11 aC, uma outra cultura conhecida como Zhou emergiu do status de vassalagem sob a dinastia Shang reinante, derrubando a casa de Shang e fundando a sua própria dinastia “Zhou” e estabelecendo duas capitais gêmeas de "Feng" e "Hao" a oeste de Xi'an moderna. Este foi a primeiro dos treze vezes que a região de Xi'an seria capital do Reino Médio nos próximos 2000 anos.

Embora nominalmente governada pela dinastia Zhou, a situação política na China cerca de 771 – 221 aC foi violenta e caótica, com os vários estados feudais eternamente envolvidos em lutas de poder cada vez mais sangrentos. Eventualmente, foi o estado de Qin, originalmente entregue à margem ocidental do mundo chinês, que viria a subjugar os outros estados sob a autoridade central de uma das história mais influente (e cruel) de líderes; Qin Shihuang, o primeiro imperador da China. A capital Qin em Xi'an assim se tornou no centro do mundo chinês, Qin Shihuang, onde se começou a consolidar o império novo e a erigir monumentos colossais à sua própria grandeza. Diz-se que o palácio, localizado fora da cidade Xi'an moderna, era tão grande que quando a sua dinastia foi finalmente derrubado e a capital saqueada, demorou quase três meses inteiros para que ela queimar até o chão.

Em 202 aC, após quatro anos de guerra civil da dinastia Han inaugurou um dos períodos mais florescentes da China de cultura e riqueza. A partir das cinzas do Qin se subia ao palácio do imperador Han primeiro, “Gaozu” e em torno dele, a cidade de Chang'an, que significa "Paz Eterna." Tornou-se capital do Han de 202 aC – 8 aC, Chang'an tornou-se uma cidade extraordinariamente rica e cosmopolita. Estudiosos de Confúcio cruzaram-se com artistas persas, comerciantes centro-asiáticos e Saddus, homens santos da Índia. Em 120 dC, mesmo após a capital se mudar para leste de Luoyang, uma visita de uma trupe de malabaristas Romana foi ainda gravada em pedra.
Os Estrangeiros eram um elemento tão essencial na capital Han que tinham sua própria rua onde eram acomodados e existia até um departamento de protocolo estabelecido para coordenar a sua recepção.O Status de Chang'an tornaram-no um hub de renome internacional de comércio e cultura, tornando-o o primeira verdadeiramente grande cidade da Rota da Seda.

Após a queda do Han em 220CE, China foi sacudido por revoltas camponesas, invasões estrangeiras e uma série de instáveis dinastias de curta duração durante os próximos 350 anos. Até o momento a China fora reunificada sob a dinastia Sui (581 dC),a velha Chang'an estava em ruínas. Nomeando Sui como capital, o imperador Wendi embarcou num ambicioso plano para restaurar a cidade a sua antiga glória. Realizado pelo génio do engenheiro imperial Yumen Kai, a nova cidade, chamada "Daxingcheng" ou "City of Great Revival," tinha um layout maciço retangular orientado para as quatro direções cardeais e cercado por uma parede exterior cujo perímetro medida cerca de 36 km.Inicia-se o que é amplamente considerado como a idade de ouro da história chinesa.

Maior metrópole do mundo

A dinastia Sui antiga foi logo substituída pela dinastia Tang que restaurou o antigo nome da cidade de Chang'an, um eco da grandeza de outrora. A Tang, no entanto, estava destinada a presidir a um império e a uma cidade que teria mesmo eclipsado a grande Han em termos de riqueza e influência internacional. A Tang seria o apogeu da influência chinesa na Ásia Central e ao longo da Rota da Seda. Os esplendores do seu vasto império foram refletidos na exótica mistura de culturas no que foi sem dúvida a maior cidade do mundo na época. Estima-se que Chang'an atingiu uma população de quase dois milhões, incluindo um grande contingente estrangeiro, que havia designado para ele não apenas uma rua, mas um quarteirão inteiro. Quase todas as nações da Ásia eram representadas, com uma onda de novas caravanas de príncipes estrangeiros, comerciantes, clérigos e uma variedade de outros personagens despejandos diariamente da Rota da Seda buscando fama e fortuna. Os cidadãos chineses de Chang'an deleitavam-se com os luxos estrangeiros omnipresente, vestidos persas, cozinha turca e música indiana são apenas alguns exemplos da exotica mistura que era a sociedade da época e permeou todos os aspectos da vida em todas as classes sociais. Durante a dinastia Tang, A influência budista foi a mais difundida, a tolerância religiosa era a ordem do dia em Chang'an. Além dos numerosos templos povoado por budistas indianos e japoneses, templos maniqueísta, mesquitas islâmicas, igrejas cristãos, nestorianos e sinagogas judaicas também tiveram lugar neste meio muito eclético.

Depois do final da dinastia Tang no entanto, estes dias felizes eram uma lembrança distante. A "Cidade da Paz Eterna" foi arrasada ao chão e para os próximos 500 anos afundada num abismo atormentado por uma série interminável de secas, inundações, fomes e insurreições. Até proprio príncipe Zhu Ming Shuang veio para governar a área metropolitana, outrora grande, mas uma sombra de seu fausto anterior. Através de uma renovação ambiciosa deste remanso provincial pelo Príncipe, Chang'an recuperou parte de sua vitalidade economica e re-estabeleceu-se como centro regional importante. As muralhas da cidade e Bell e torres Drum construído durante o Ming são ainda algumas das características mais proeminentes Xi'an moderna de hoje.

Tumulo de Chin Shihuang (primeiro imperador) - Exército de Terracota

Floresta de estelas

Em 837dc, durante a dinastia Tang, uma série de clássicos Confucionistas foram gravadas em estelas de grande porte e foram alojados em vários locais ao longo dos dias turbulentos final do Tang e das Cinco Dinastias e periodo dos Dez Reinos posteriores. Em 1040 sob a disnastia Song foram movidos para o templo onde a colecção eventualmente cresceu mais de 1000 anos até ao seu tamanho atual. A coleção foi dado o nome "Beilin" ou "Floresta de estelas" no século XVII. 
Hoje ele é composto por cerca de 3000 estelas, tornando-se a maior coleção desse tipo na China. Além dos clássicos textos filosóficos e registros históricos, há muitos bons exemplos de caligrafia e ilustrações de mestres da China clássica. Uma das estelas mais famoso no entanto, é a estela Nestorian esculpida em 781 e comemorar as realizações da Igreja Nestorian de Xi'an.

Huaqing -Palácio da fontes quentes

Pagodas Goose

Localizado no sul Xi'an, o Big Goose Pagoda e os adjacentes Templos "Ci'en" foram construídos em 652 dC. a pedido do famoso monge budista Xuan Zang como um lugar onde pudesse armazenar e traduzir as muitas escrituras que com ele trouxe de volta da Índia. O pagode de tijolos foi originalmente de cinco andares e mais tarde a imperatriz Wu acrescentou mais cinco, os estragos do tempo, no entanto, reduziu-o a seus atuais sete pisos, mesmo assim, ainda possui uns apreciaveis 64m de altura e oferece excelentes vistas de Xi'an e os arredores. O seu companheiro, o Little Goose Pagoda, situa-se em altura 43m e foi construído em 709 dC. Pelo imperador Gaozong e também serviu como um grande repositório de muitas escrituras budistas que fizeram o seu caminho ao longo da rota da seda até à China durante o periodo Tang.



Turfan – Terra de uvas


No sopé sul da Serra de Tianshan, o oásia deTurfan oásis, 260 metros abaixo do nível do mar é a mais baixa e mais seca depressão na face da terra, já em 52 aC se estabeleceu como uma passagem importante da rota da Seda e praça forte da dinastia  Han.

Turfan tem um rico passado, Muitas civilizações, culturas e religiões fincaram raízes aqui. Sob a forte dinastia Tang governou a China e Tarim Basin, Turfan desfrutou da sua época de ouro. Após a queda de Tang em 790 dC, foi invadida por Tibetanos do sul. Em meados do século IX, um povo nomada das montanhas Altai,os uigures governaram Turfan nos séculos seguintes, conseguiram sobreviver ao terror Mongol, cooperando com os conquistadores durante o século XIII. A conversão islâmica teve lugar no final do século XIV. Todos os templos Budistas, ManiqueístaNestorianos e mosteiros foram destruídos ou abandonados desde então, todo o reino se tornou  muçulmano e assim  se manteve até hoje.

Kariz –ou- o Mistério da Água

Para quem goste de uvas, Turfan é o paraíso. Os vales de vinha sem fim produzem uvas doces . É incrível a muitos viajantes ver enfim terras verdes e férteis entrando pelo deserto estéril de areia. O segredo da fertilidade Turfan deriva de um antigo sistema de irrigação inventado na Pérsia, a água é trazida das montanhas de Tien-Shan, do norte ao longo de canais subterrâneos. Aqueles túneis de água  denominados “Kariz” são vistos por muitas milhas em redor de Turfan, Gaochang ou
 Karakhojo.


Hotan-Reino de Khotan
56-1006 dC

O Reino de Khotan era um reino budista antigo que estava localizado no ramificação da Rota da Seda que correu ao longo da borda sul do deserto de Taklamakan na bacia de Tarim. A área encontra-se agora na actual actual Xinjiang, China.

O nome do reino na região agora chamada Khotan sofreu muitas alterações.  A população local, do século III dC escrevia “Khotana” na escrita Kharosthi e Hvatäna- Brahmi e nos textos escritos um pouco mais tarde, de onde se desenvolveu na linguagem como Hvamna e Hvam, de modo que nos últimos textos vem como Hvam k
şīra ou “ Terra de Khotan “. O nome tornou-se conhecido para o oeste enquanto o-t-ainda estava inalterada como era frequente no início de Novo império Persa. Mas, sob influências diferentes a população local também escreveu Gaustana, quando sentiu o prestígio da escrita budista,o sânscrito, e Yūttina, quando o prestígio do reino chinês estava no auge, no século IX. Para os tibetanos no sétimo e oitavo séculos, a terra era “Li” e a cidade capital Hu-tan.
A antiga cidade de Khotan foi a capital do Reino. O nome chinês (pinyin) é Hetian (chinês:
和田). O nome de Hotan também é usado na Dinastia Han, pelo menos até a Dinastia Tang foi conhecido em chinês como Yutian (chinês: ).
Construída sobre um oásis, os bosques de amoreiras permitiram a produção e exportação de tapetes de seda e da própria seda, fora da cidade produziram-se outros produtos importantes, como a cerâmica e extraiu-se o famoso jade nephrite.

Segundo a lenda, a fundação de Khotan ocorreu por ordem de Kushtana, um dos filhos do imperador Kushan no século III,
no entanto, é provável que tenha existido muito antes do que isso como Yuezhi (conhecido mais tarde como Kushans) onde tinha sido negociado o jade nephrite, famoso na região da China durante muitos séculos.
O reino que foi originalmente Zoroastriano tornou-se um dos principais centros do budismo.

  Até o século 11, a grande maioria da população era budista e o reino estava principalmente associada com o ramo Mahayana ao contrário de um outro reino dominado pela facção Sravakayana no lado oposto do deserto.  
Fa-Hsien, Escrivão da corte Imperial, conta-nos que tinha catorze grandes cidades-estado e muitos mosteiros budistas assim como se falavam muitas línguas estrangeiras, incluindo chinês, sânscrito, Prakrit e tibetano que eram usadas ​​em trocas culturais.
Khotan foi o primeiro lugar fora da China onde se começou a cultivar de seda. A história, repetida em muitas fontes, e ilustrado em murais descobertos por arqueólogos, é que uma princesa chinesa trouxe os ovos do bicho nos seus cabelos, quando ela foi enviada para se casar com o rei khotanês. Isso provavelmente ocorreu na primeira metade do século 1 dC .
Ficou depois Kotan sob controle muçulmano na primeira década do século 11. Marco Polo visitou Khotan entre 1271 e 1275 e observou que as pessoas eram "todas seguidoras a Maomé."
Lughat Diwanu at-Turk, estudioso turco Mahmud al-Kashgari  do seculo II, incluiu um verso descrevendo a conquista muçulmana da Khotan:

“Como um rio e torrentes
Nós inundado suas cidades
Nós capturamos seus mosteiros
E disse-lhes para não adorarem as estátuas de Buda “

sob a Han Dynasty

Em 96 aC num capítulo da "História da dinastia-Han “ (que abrange o período de 125 aC a 23 dC) diz que Yutian, ou Khotan, tinha 3.300 domicílios, 193 mil habitantes e 2.400 pessoas capazes de portar armas
A cidade cresceu muito rapidamente, obviamente, depois da China abriu as Rotas da Seda para o Ocidente, a população mais do que quadruplicou no apogeu da dinastia da Han . escreveu-se nessa altura:

"O centro principal do reino de Yutian (Khotan) é a cidade de Xicheng (" Western Town '= Yotkan). É 5.300 li (2,204 km) da residência do secretário Senior [em Lukchun], e 11.700 li ( 4,865 km) de Luoyang. Controla 32.000 famílias, 83.000 pessoas, e mais de 30.000 homens capazes de portar armas.”

No final do período Jianwu (25-56 dC), Xian, o poderoso e próspero rei de Suoju (Yarkand), ataca e anexa Yutian (Khotan) e depõe o rei Yulin, , para se tornar ele próprio soberano de toda a região.
Durante o período Yongping (58-76 dC), no reinado do Imperador Ming, Xiumo Ba, um general khotanês, rebelou-se contra Suoju (Yarkand), e fez-se rei de Yutian (em 60 dC). Com a morte de Xiumo Ba, Guangde, filho de seu irmão mais velho, assumiu o poder e depois (em 61 CE) derrotou Suoju (Yarkand).O reino tornou-se muito mais próspera depois disso.  
De Jingjue (Niya) a noroeste até Shule (Kashgar) todos os reinos foram submetidos,  enquanto isso, o reino de Shanshan (na região de Lop-Nor com capital em Charklik) também começa a prosperar.  A partir de então, esses dois reinos foram os únicos grandes na Rota do Sul, em toda a região a leste do Congling ou Pamir.

No ano de 131 dC, durante o reinado do Imperador Shun, Fangqian, o rei de Yutian (Khotan), enviou um de seus filhos para servir e oferecer vassalagem no Palácio Imperial.
No ano de 151 dC, estando o Chefe Ping Zhao em Yutian (Khotan) onde morreu de carbúnculo, o filho, Zhao Ping no seu caminho para a cerimónia fúnebre do pai, passou por Jumi (Keriya) agora Chengdu. O rei da Jumi (Keriya), tendo outrora desentendimentos com Jian, o rei de Yutian (Khotan), disse ao filho, Zhao Ping que o rei de Yutian (Khotan) tinha ordenado a um médico ocidental (hu) para colocar uma droga venenosa na ferida, causando a morte do pai (Zhao), o filho de Ping acreditou nesta história  e quando este voltou ao palácio imperial informou Ma-Da, o Administrador de Dunhuang.

No ano seguinte (152 dC), Wang Jing foi nomeado secretário-chefe no lugar do falecido Zhao Ping]. Ma-Da ordenou a Wang Jing para fazer em segredo uma investigação completa sobre o caso.
Quando Wang Jing passou por Jumi disse novamente: "O povo de Yutian (Khotan) quer-me ter como rei. Agora, vocês devem matar Jian por causa do crime que ele é culpado.  Yutian (Khotan) certamente vai concordar. "
Wang Jing estava ansioso por adquirir mérito e glória, além disso acreditava no que lhe tinham dito. Antes de chegar a Yutian (Khotan), ele preparou tudo para receber Jian, e então convida-o, e elabora um plano sinistro.  Alguém tinha avisado Jian Wang Jing da trama mas ele não acreditou e disse:
"Se eu sou inocente.  Por que razão Wang  Jing me há-de querer matar? "Na manhã seguinte, Jian, com uma escolta de várias dezenas de funcionários, chegou a fazer uma visita a Wang Jing. Quando todos estavam sentados, Jian levantou-se para servir o vinho, Wang  Jiang então ordenou à sua comitiva em tom ameaçador para o prenderem mas nenhum dos oficiais ou soldados queria matar Jing e saíram da sala desafiando as ordens.

Neste ponto, Qin Mu, Secretário de Chengguo, seguindo (Wang) Jing, desembainhou a espada e disse: "A questão principal já foi decidida.  porque ainda estamos hesitando?” Ele avança com a espada e Jian è decapitado. Então o oficial khotanês-Geral, Shupo, e alguns outros, juntaram-se novamente com os soldados e atacaram (Wang) Jing Jian, que pegou na cabeça, subiu uma torre, e proclamou: "O Filho do Céu mandou-nos para punir Jian".
O oficial-Geral khotanês, Shupo, cerca o campo de edifícios em chamas matando os oficiais e soldados, escala a torre e decapitando (Wang) Jing atira a cabeça na praça do mercado,
Shupo queria tornar-se rei, mas o povo mata-o e coloca Anguo, filho de Jian, no trono.

Quando Ma Da foi informado do que tinha acontecido, no comando das tropas de várias comendas, atravessa as regiões de fronteira para atacar Yutian (Khotan), reafirmando a influência Chinesa sobre uma rota vital para a China e para o Ocidente.

(continua)



tradutor

center>

Licença creative commons

Creative Commons License
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. ESTA OBRA ESTÁ LICENCIADA SOB UMA LICENÇA CREATIVE COMMONS. POR FAVOR NÃO USE AS IMAGENS EM WEBSITES, BLOGS NEM OUTROS MEIOS DE COMUNICAÇÃO SEM MINHA PERMISSÃO EXPLÍCITA. © TODOS OS DIREITOS RESERVADOS PLEASE DON'T USE THIS IMAGE ON WEBSITES, BLOGS OR OTHER MEDIA WITHOUT MY EXPLICIT PERMISSION. © ALL RIGHTS RESERVED